segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Todos os pecados são tentativas de preencher vazios."
(Simone Weil)

Sem dúvida uma grande verdade.
O que nos conduz a estados melancólicos e depressivos é precisamente esta sensação de vazio que sentimos tantas vezes e que dói e corrói na alma, em particular quando perdemos alguém importante, acabamos uma relação ou um projecto em que acreditávamos.
De qualquer forma, a sensação de vazio é apenas isso, uma sensação.
O vazio não existe.
Nós nunca estamos vazios, nunca, porque nós somos seres individuais e completos.
Sim, é óptimo dividir a vida, partilhar a existência, mas se isso por algum motivo não acontecer, nós devemos continuar a respeitar o dom da vida que é simplesmente a essência de tudo.
Vamos imaginar que éramos o único ser no universo e que nascíamos de geração espontânea, pois não existiam animais, plantas nem estrelas.
Agora vamos imaginar que nascíamos assim no meio do nada, ou seja, sem amigos, sem inimigos, sem amores nem desamores, sem alegria nem tristeza.
Será que diríamos “Sinto-me sozinho!”?
Talvez não, pois nunca tínhamos conhecido outra realidade.
Então se falamos em solidão, é porque já conhecemos o outro lado mas, por alguma razão, pura e simplesmente, deixámos de nos entregar à vida e a todas as coisas maravilhosas que ela tem para nos oferecer.
A pergunta que se impõe é, porquê?
Nada justifica o nosso isolamento.
Só mesmo em circunstâncias de um grande susto é que pensamos nisso e damos valor à vida e a quem nos rodeia, não é?
Será que alguém alguma vez sentiu a verdadeira solidão?
Uma coisa é termos momentos em que nos sentimos desapoiados, outra é a solidão no seu sentido mais puro.
Será que alguma vez agradecemos o facto de estarmos vivos?
De sentirmos o sol de fim de inverno bater-nos no rosto?
De ouvirmos um pássaro cantar pela manhã?
Tanta pequena coisa que devíamos aproveitar da nossa vida todos os dias…

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