terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

"Ela sabe que não se consegue precisar o momento, a hora, o dia em que uma pessoa fica apaixonada. Sempre um pouco antes, sempre um pouco depois.
Ela sabe que não se pode revelar definitivamente como, e porquê, uma pessoa ficou apaixonada por esta pessoa, precisamente esta, e não por outra muito parecida com ela.
Qualquer razão perde a razão.
O que uma pessoa pode sentir é se está ou não apaixonada.
Que houve um estreito abismo, sem saber quando nem como, sobre o qual sabe que... saltou.
Sem poder avaliar as consequências.
Como uma doença.
Não é só isso.
Uma pessoa quando está apaixonada não está continuamente apaixonada, muito menos com a mesma intensidade.
Varia muito.
Acontece uma pessoa duvidar se está ou não apaixonada.
Ficar totalmente baralhada.
É mais fácil uma pessoa sentir a paixão por outra pessoa quando ela não está presente.
Isso parece-lhe um facto.
A sua ausência aumenta o poder da sua presença.
A paixão é mais sua, mais inteira, há menos interferências.
Com ela é assim.
Sente um vazio que só o outro, único no mundo todo, vai poder preencher, sarar, cuidar.
Uma espécie de saudade imperiosa.
Uma questão de vida ou de morte."

Pedro Paixão
Rosa Vermelha em Quarto Escuro


 

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