quinta-feira, 4 de julho de 2013

O amor é...

Hoje, enquanto pesquisava sobre um tema que nada tem haver com amor, deparei-me com este pequeno texto, extrato de um livro que já li há muito tempo, mas que me ficou na memória.
O amor é, dito pelo autor e bem dito, fodido.
Como eu concordo com ele...
E enquanto relia o texto pensava na minha vida, nas escolhas que fiz, nas pessoas que se cruzaram na minha vida e como o amor para mim tem sido... fodido.
Leitura obrigatória.


"Precisava de fugir. Era uma necessidade constante. Se não fosse o amor, de que poderíamos escrever ou fugir? Eu escrevia-te mentiras que eram quase verdade: que queria fugir para dentro de ti, invadir-te com fúria de te ver ininterruptamente, de não conseguir impedir-me de ficar ali parado a olhar para ti. Tu fazias pior. Ficavas calada e deixavas-te invadir. Atiravas os pulsos para as almofadas antes de eu poder fingir que tos ia prender. Mas era bom. Nota: era melhor assim.
O amor é fodido. Nunca sabemos se estamos a dar ou a receber. Os teus poemas também eram ricos. Transcrevo um de memória, para gáudio de quem nos estiver a ler: «A quem, a quem hei-de-me dar; eu que já soube o que dava e agora não sei mais nada? A quem hei-de dar a verdade que guardo tão mal, tal é o mal que ele me faz: dar-me vida e nada mais.»
Escrevemos coisas parvas, perguntas já previamente concebidas para obter respostas rápidas. Até parece que estamos a falar. Num dos nossos quartos. "


Miguel Esteves Cardoso in "O amor é fodido"

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